Contos e Versos Perdidos...

  Neste fim de ano, eu preciso derramar... Meus sinceros sentimentos, por um mundo que morria. Todo medo e sofrimento, nos corredores da agonia. Toda angústia e tristezas, assistidas na TV. Toda a minha imensa fé, compartilhada com você. Neste fim de ano, eu preciso derramar... Toda a minha grande dor, por um ente falecido. Toda lágrima caída e todo sonho interrompido. Pelas vítimas do vírus, lacradas em seu caixão. Pelo o choro e desespero, nos velórios da solidão. Neste fim de ano, eu preciso derramar... Toda a nossa compaixão, pelas portas que fecharam. Toda a nossa gratidão, por aqueles que lutaram. Pela solidariedade e cada ação benevolente. Médicos e enfermeiros, profissionais da linha de frente. Neste fim de ano, eu preciso derramar... Todo o nosso aprendizado, reforçado em cada cena. Toda a nossa nostalgia, aprisionada em quarentena. As escolas e as igrejas, a recessão da economia. Nossa vulnerabilidade, os transtornos da pandemia. Neste fim de ano, eu preciso derramar... Todo

  Neste fim de ano, eu preciso derramar... Todo o meu cansaço, pelo ciclo que se encerra. Todo o meu esforço, empenhado nesta guerra. Toda a minha angústia, pelas noites que perdi. E todos os pecados, que por você não cometi. Neste fim de ano, eu preciso derramar... Toda a luxúria, que implora o meu desejo. Toda a minha gula, que sacia com o seu beijo. Toda a avareza, que engana a visão. E toda a minha ira, que machuca o coração. Neste fim de ano, eu preciso derramar... Toda a vaidade, que fere os outros sentimentos. Toda a soberba, que enlouquece os pensamentos. Toda a preguiça, que desrespeita o corpo humano. E toda a ignorância, proferida de um profano. Neste fim de ano, eu preciso derramar... Todo o meu carinho, para aqueles que me apoiam. Todo o meu perdão, para aqueles que me odeiam. Toda a confiança, assegurada por um irmão. E todo o meu vinho, para os que aqui estão. Neste fim de ano, eu preciso derramar... Todo o meu pranto, por um amigo que partiu. Toda a gratidão, pela porta

  Era um enorme túnel de luz desenhado com pura magia. Um gigantesco arco multicor, uma visão da harmonia. Tinha anjos voando no céu, era um escorregador de alegria. E até o Sol perdeu as horas no crepúsculo deste dia. Era sim um sinal divino. Um lilás angelical. Um arco-íris anunciando a chegada no Natal. ::: Versos em Sete Cores ::: por André Victtor Escrito em 15 de Dezembro de 2020. . . Fenômeno registrado às 18:45. O arco-íris é um fenômeno físico e químico que ocorre com a separação da luz solar que sofre desvios provocados por gotas de chuvas da atmosfera.

  Lembrarei para sempre... Daqueles natais que ela ainda existia, Daquelas comidas gostosas que ela fazia, Das nossas conversas em volta da mesa, Eram dias alegres, repletos de muita surpresa. Lembrarei para sempre... Das histórias que ela me contava, Da velha árvore de natal próxima a estante, Das suas luzes pisca-pisca multicoloridas, De todos os presentes que ela me deu em vida. Lembrarei para sempre... Da mesa farta com as bebidas e os assados, maioneses, doces de figo, vinhos e enlatados. Crianças brincando por todos os lados, parentes, vizinhos e os convidados. Lembrarei para sempre... Que a vida é um sopro, uma grande lição. Que hoje estamos juntos, amanhã talvez não. Que é preciso celebrar cada encontro, viajar com ela em vida e curtir cada emoção. Lembrarei para sempre... Que antes não existia o vazio, saudade ou dor. O Natal tinha magia, tinha afeto e muito amor. Que os filhos entendam que o tempo passa, Que um Natal sem pai e mãe se torna triste e já não tem mais tanta graça

  E agora, José? Sua despesa aumentou, A sua renda caiu, Perdeu todo o controle, A pandemia surgiu, O seu candidato perdeu, O seu contrato venceu, Seu escritório faliu... E agora, José? Não pode mais fazer festa, Não pode mais fazer graça, Não pode mais nem mentir, Não tem nem pra quem pedir, Nem condições de fugir... E agora, José? Todo o seu brilho apagou, A sua voz se calou, O seu prestígio se foi, Notícias que já não tem, Na rede que já não posta, Até o seu papel acabou... E agora, José? ::: Versos Falidos ::: Escrito em Novembro de 2020. por André Victtor Filosofia, verdades, mitos e versos.

  Um indivíduo que sempre diz, que é dono do seu nariz. Que puxa o tapete dos outros, por ter um cargo mais alto. Não consegue enxergar o prêmio que foi lhe dado: É escravo de um sistema rodeado por problemas. Não tem tempo para nada, nem pros filhos, nem pra amada. É chefe dos subordinados, mas por todos odiado. Pode até ser religioso, mas vendeu a alma ao diabo. Trabalhou o tempo todo e esqueceu de contemplar. Momentos de devaneios, festas, churrascos, sol e mar. O telefone o enlouqueceu, dos amigos se perdeu, não sabe o dia em que morreu, não sabe quando se enterrar. Pode até ter muitas posses, propriedades, carros caros. Pode até ter muito status, diplomas, certificados. É dono do ouro de tolo, é mais pobre do que um rato. Por isso gosto das bruxas, dos feiticeiros, necromantes. Dos monstros e lobisomens, dos vampiros elegantes. Que não temem mais ninguém, nem a vida, nem a sorte. Brindam com rituais, o sangue e o sabor da morte! ... ::: Versos Mortos ::: por

  O Anjo Negro insaciável, em seu castelo miserável, aguarda mais uma sentença. De uma vida condenada ou da atitude impensada, que resulta em consequência. Após o ato consumado, não importando se é pecado, ele fez a diferença. Devorou com muita raça, deixando apenas a carcaça, eliminando uma existência. O céu azul testemunhou e confirmou mais um ditado, que nada além do espírito, passará pro outro lado. Nem os ossos por clemência, nem o cheiro da carniça. A terra também tem fome e sabe fazer justiça. ::: Versos Verdadeiros ::: por André Victtor Poesia publicada na Antologia: Poetas Malditos Contemporâneos (Editora Dark Books) Você possui apenas aquilo que não se perderá com a morte; tudo mais é ilusão. - Autor desconhecido -

Por eras distantes, milênios e séculos, perseguido. Nos porões escuros, castelos sombrios, escondido. Por olhos atentos, guardiões ocultos, defendido. Poder controlado, o mal e o bem, quimicamente fundidos. Deuses, demônios e outros elementos esculpidos. Pedras e símbolos, talismã do além desconhecido. Magia, Goetia, muitos segredos envolvidos. Ódio e amor, esperança, traição e suicídio. Ambição, destruição, sangue é o preço do castigo. Amuleto, maldição, coração envaidecido. Precioso, fascinante, majestoso e sofrido. Poderoso, intrigante, envolvente e enfurecido... ::: Versos Perseguidos ::: por  André Victtor Poesia publicada na Antologia: Poetas Malditos Contemporâneos (Editora Dark Books)

  O silêncio imperava mais uma vez, em todas as florestas e bosques do mundo. A grande Roda do Ano havia girado, e a terra despertava de um sono frio e profundo. O rufo dos tambores anunciava, que ela havia chegado hoje de manhã, e assim recebeu com muitas honrarias, a deslumbrante Tiara Wicca do deus Pã. Chegara o tempo de Ostara, da fertilidade e da fecundação. São sementes que germinam, botões de rosas que se abrem, com a pura magia da renovação. Mas lá do fundo alguém se levanta, e de malas prontas ele indaga: -Afinal de contas quem é ela? -Oras, sou a Eostre, senhor Inverno. Respondeu a própria deusa Primavera. -Além de jovem e muito linda, tu és mesmo poderosa! Assume então a Natureza, Ó deusa de grande beleza, reges de agora em diante, a vida da Fauna e da Flora... . . . ஜ Versos Nórdicos ஜ Escrito em 22 de setembro de 2020 – Chegada da Primavera no Hemisfério Sul - * Conto poético, sobre a chegada de Eostre - a deusa da fertilidade, do amor e do renascimento, ou seja, a própria