Sim, eu confesso...
Foi aquela paixão, fulminante e sem juízo.
Que ignorou os estatutos e o aviso.
Me expulsando pra sempre do seu paraíso.
Sim, eu confesso...
Que a criatura era linda e sagaz.
Cheia de amor, de um desejo voraz.
Que me transformava no amante eficaz.
Sim, eu confesso...
Perdendo o meu posto de governante.
Não era mais eu, me tornei um errante.
Condenado a viver numa cela distante.
Sim, eu confesso...
Que a sua visita surgia do nada.
Anjo, demônio, mulher amada.
Sempre desnuda, carnuda e alada.
Sim, eu confesso...
Que ao rolar com ela, quebrei minha asa.
A dor era intensa, queimava igual brasa.
Mas aqui e agora, me sinto em casa.
Sim, eu confesso...
Que agora entendo que sou prisioneiro.
De um sentimento humano e traiçoeiro.
Capaz de controlar o universo inteiro.
* * *
::: Versos Condenados :::
por André Victtor
* Pintura: "L'eterno addio" de Roberto Ferri.
Poesia publicada na Antologia: Poetas Malditos Contemporâneos (Editora Dark Books)
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